“Eu nunca me enxerguei como uma pessoa que pudesse entender o inglês” - palavras de uma aluna minha em nossa primeira aula da Brown Skin Academy. 

A verdade é que já ouvi isso infinitas vezes em contextos diferentes, inclusive na minha própria mente: é sempre sobre nós, mulheres negras, não nos sentirmos pertencentes a um ambiente ou capazes de estar ali. A possibilidade de conseguir nem sequer é levantada - que mulher negra nunca se sentiu assim? Quantas de nós nos sentimos silenciadas, preteridas, mesmo quando temos TODA estrutura e capacidade de nos colocarmos?

A dororidade trata das dores que unem mulheres negras para além do machismo (Vilma Piedade, 2017). Foi com esse pensamento que eu resolvi juntar meus conhecimentos no ensino de inglês para criar uma turma exclusiva para mulheres negras que querem aprender inglês desde o início, combatendo em conjunto essa dor de não se verem capazes de entender a língua.

Quando não há espaço para a gente, a gente cria. Da minha experiência pessoal, a gente se torna mais forte e se acredita mais através da dororidade. A Brown Skin Academy hoje é um projeto que visa não só fazer as mulheres negras permanecerem, como também não desistirem através da união.

(Lívia Firenze)